Comissão Especial de Bebida Alcoólica realiza audiência em Campo Grande

Abertura da reunião externa da da Comissão Especial sobre as Causas e Consequências do Consumo Abusivo de Bebida Alcoólica na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.

Foi realizado nesta quinta-feira (30) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, a primeira reunião externa da Comissão Especial sobre as Causas e Consequências do Consumo Abusivo de Bebida Alcoólica da Câmara dos Deputados. Para o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), relator da Comissão, o evento serviu para conhecer características peculiares que ajudarão na elaboração de políticas públicas que possam preservar os cidadãos brasileiros dos problemas relacionados ao álcool.

Dobashi destacou que há registros no Estado de crianças de 10 a 14 anos mortas pelo consumo de bebida alcoólica.

A secretaria de Saúde do Estado, Dra. Beatriz Figueiredo Dobashi, destacou, em sua apresentação, que há registros no Estado de crianças de 10 a 14 anos mortas pelo consumo de bebida alcoólica. Ela também informou que, apesar do declínio da taxa de mortalidade nas pessoas de mais idade, a partir dos 50 anos aumenta a mortalidade referente a doença alcoólica do fígado.

A importância da intersetorialidade para o tratamento das dificuldades provenientes do consumo excessivo de bebida alcoólica foi observada por Dobashi. Para ela, “não se resolve esse problema nos muros da saúde” e informa que sua pasta tem discutido a integração das políticas, principalmente com a Secretaria Estadual de Educação.

A secretária também informou que existem, no Estado, cinco unidades de Centros de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (Caps AD). “Essa rede é pequena e insuficiente para o nosso Estado”, argumentou ainda ponderando que, apesar do governo de Mato Grosso do Sul ter boa atenção à Saúde, 21 municípios não têm nenhum tipo de atendimento médico.

Outra preocupação apontada por Dobashi é referente aos relatórios de óbitos, que não consideram que muitas mortes são potencialmente provocadas pelo grande consumo de bebida alcoólica. “O sistema de informação de mortalidade dão a causa imediata. Muitos profissionais só preenchem [com a causa imediata] e não colocam que é motivado pelo álcool”, critica.

A gerente do Caps AD de Campo Grande, Maria Beatriz Almeidinha Maia, informou que, em 2010, o Centro atendeu 960 usuários a mais do que no ano anterior.

A gerente do Caps AD informou que, em 2010, o Centro atendeu 960 usuários a mais do que no ano anterior.

Almeidinha Maia também ponderou que as linhas estratégicas para as políticas públicas de saúde mental de Mato Grosso do Sul objetivam a ampliação de acesso ao tratamento, a definição de redes de saúde mental de acordo com as “complexidades locais”, combate ao aumento do consumo de álcool e outras drogas e garantia de direitos dos usuários.

Para o Dr. Fábio Augusto de Andrade, voluntário da Fazenda da Esperança – comunidade terapêutica que possui 60 unidades no Brasil e outras 17 no exterior, as propagandas de bebidas alcoólicas são os grandes influenciadores do mal hábito. “As campanhas publicitárias de consumo acabam atraindo e atrapalhando o nosso trabalho”, avalia. Para ele, também é preciso cuidado com os discursos simplistas com o dependente, como dizer que a bebida mata. “A gente quer orientar explicando o que realmente é o álcool, é como é prejudicial.”

Um representante dos Alcoólicos Anônimos (AA) de Campo Grande, de iniciais D.R. (nome não identificado por respeito as condições do grupo), também palestrante na audiência pública, observou que, para o AA, o fator de um indivíduo beber muito não quer dizer vai virar alcoólatra. “Se ele está bebendo bem, é porque ele é alcoólatra”, argumentou.

O deputado Vanderlei Macris agradeceu a participação dos palestrantes de Campo Grande e destacou não ser mais possível a permissibilidade do governo Federal quanto à venda de bebidas alcoólicas para menores. “O país é permissivo ao extremo. Nós não vamos permitir que o Estado seja permissivo a isso”, informou dizendo que esse será o principal ponto do relatório final da Comissão.

Além de Macris, participaram da audiência pública em Campo Grande os deputados federais Geraldo Resende (PMDB-MS), João Ananias (PCdoB-CE), Keiko Ota (PSB-SP), Pastor Eurico (PSB-PE) e Mandetta (DEM-MS), e os estaduais Mara Caseiro (PTdoB) e Lauro Davi (PSB).


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